11 de fevereiro de 2010

Brincando de ser Deus

Brincando de ser Deus
Eduardo Gaudio
Artigo do Jornal ValeParaibano do dia 02/02/10

Tenho como escopo que na vida, mais propriamente na vida pública, ‘tudo passa’. Devemos agradecer a Deus, enquanto investidos das funções de agentes políticos, por nos ter dado a
oportunidade de melhorar a vida das pessoas. Mas a maioria as pessoas não pensa assim. A história nos dá exemplos vivos. Foi assim com Cesares no período romano, com Napoleão Bonaparte, os Czares na Rússia, Hitler e até mesmo Churchill na Inglaterra.
Vamos ao cenário tupiniquim. Na última quarta-feira, falando para uma platéia de pernambucanos amistosos, Lula discorreu: ‘Agora quem fala grosso sou eu. Porque, se antes era o Brasil que devia ao FMI e ficava que nem cachorrinho magro, com o rabo entre as pernas, agora quem me deve é o FMI’. Parece implicância, mas é preciso dizer: tudo leva a crer que algo de muito errado sucede com a cabeça do presidente da República.
No caminho para as estrelas, Lula pisa nos tribunais, distraído. Em campanha aberta por Dilma Rousseff, testa os limites da Justiça Eleitoral. No discurso de quarta-feira, aquele em que celebrou o fato de que o FMI lhe deve, Lula exagerou. Brincou de Deus. Inaugurava um posto de saúde em Pernambuco. A altura tantas, fez uma pilhéria premonitória: ‘dá até vontade de a gente ficar doente para ser atendido aqui’. Adoeceu. Não foi à cama do seu estabelecimento. Levaram-no, obviamente, a um hospital de primeira linha, mais condizente
com sua condição de presidente.
Lula atravessou uma dessas experiências que dão aos (falsos) deuses a incômoda sensação de finitude. Faltou-lhe humildade.

Eduardo Gudio é jornalista em São José.

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